domingo, 9 de junho de 2013

O JEQUITIBÁ






Localizado a 60 km de Ribeirão Preto, no Km 245 da Via Anhanguera,  no agradável e bucólico município de Santa Rita do Passa Quatro , está o Parque Estadual de Vassununga, uma das últimas reservas de floresta latifoliada tropical semidecídua, ou seja, mata Atlântica de interior e de cerrado.
Foi criado em 26 de outubro de 1970 pelo Governo do Estado de São Paulo e possui 1.732,14 há.
À entrada do parque, um marco geodésico indica latitude -21°45’ e longitude -47°17’33’’ .
Através dessas coordenadas o mundo científico se localiza e a elas todos os ecologistas dão fundamental importância,  não só pelo que representa o parque, mas por estar lá uma realeza.
Quis a natureza que em nossa rica região de Ribeirão Preto remanescesse o mais antigo ser vivo do planeta: um jequitibá-rosa com 3,6 m de diâmetro (11 homens para abraçá-lo), 40 metros de altura e 3 mil anos de idade.  As sequóias da Califórnia são árvores até maiores, porém apenas milenares, enquanto nosso jequitibá é trimilenar. 
Quando o vi pela primeira vez, não sabia se sentava ou se me ajoelhava para reverenciar toda aquela majestade. Ali, entre outros seus irmãos mais novos, assemelha-se a um guardião cabeludo e barbudo observando a floresta. Num outro momento, tem-se a impressão de que seus grossos galhos são como os braços de um gigante acorrentado aos céus, bradando contra a humanidade pela derrubada incontida das matas, lar de seus pais, de seus irmãos e de todos seus parentes árvores, numa guerra indefesa, mais desastrosa do que as bombas detonadas ou a serem detonadas por americanos e outros.  Mas essa infâmia tem que acabar; aos pés do herói sobrevivente deveriam chorar e arrepender-se aqueles que, sem sentimento algum, devastaram impiedosamente a Mata Atlântica, a Araucária e de quererem agora acabar com  a Amazônia.
É importante que visitemos essa preciosidade, que dela falemos aos filhos, sobrinhos, netos e amigos, a fim que as gerações futuras sensibilizem-se para a recuperação do equilíbrio ecológico.
Há um estacionamento junto à mata, onde um monitor espera os visitantes para uma preleção. Segue-se a pé, por caminhos bem cuidados, com quiosques, lixeiras e placas com nomes das espécies de árvores, percorrendo-se cerca de 1,5 k  até o jequitibá, onde há bancos de madeira e bebedouros.  Indo adiante, temos banheiros limpos e o bosque dos jequitibás, despontando-se um outro enorme, quase do tamanho do nosso gigante herói.
Recomenda-se levar repelentes ou usar calças e mangas compridas, pois os mosquitos de lá ainda não estão acostumados com você.

Crônica de Ovídio Aparecido Mora